Por Volnei Eyng – CEO da Multiplike
A ata do Copom saiu essa semana, e o risco fiscal continua sendo um dos ingredientes que afeta a economia. Tem uma lógica que o governo insiste em seguir, mas que no mundo real simplesmente não funciona: ele dá com uma mão e tira com a outra. Aumenta imposto aqui, isenta ali, promete aliviar a carga, mas na prática, o peso só muda de lugar, e no fim continua nas costas de quem produz, investe e emprega.
Aumentaram o IOF com o argumento de aumentar a arrecadação, mas o que vai ser feito com esses R$ 20 bilhões a mais? Não vai pra equilíbrio fiscal, não vai pra redução da dívida do governo. E quando o gasto continua maior que a arrecadação, daqui a pouco aparece mais um imposto, mais uma taxa, mais uma forma de tapar o buraco, sem nunca resolver a causa do problema.
É sempre o mesmo ciclo.
E o pior, quando o Estado tributa demais, desestimula quem está tentando fazer o certo. O investimento diminui, a formalidade no mercado de trabalho recua, o crédito fica mais caro, e a competitividade do país vai indo embora aos poucos.
A curva de Laffer explica bem isso. Quando o imposto passa de um certo ponto, o retorno começa a cair. As pessoas e as empresas perdem o incentivo de continuar contribuindo. Não vale mais a pena crescer, contratar, expandir. O risco deixa de compensar.

É como dar isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, o que, isoladamente, faz sentido e é ótimo, mas compensar isso aumentando outros tributos é tapar sol com a peneira. A intenção pode até ser boa, mas o efeito é nulo.
O movimento correto seria outro. Se o objetivo é aliviar a carga de impostos sobre as pessoas que ganham menos, o primeiro passo deveria ser cortar os excessos. Rever gastos com estruturas caras e ineficientes, acabar com benefícios que não fazem mais sentido, e enfrentar o que realmente drena o caixa público.
Por que não começar por aí?
Por que manter pensão vitalícia para filhas de militares, mesmo décadas depois da morte do pai? Por que manter plano de saúde pago com dinheiro público pra político e pra toda a família? É nesse tipo de gasto que está o nó, e não na renda do pequeno empresário, nem no caixa da empresa que quer investir, gerar emprego e impulsionar o crescimento da economia.
Não é só uma questão de justiça social, de fortalecer o lado mais frágil da economia, mas é uma questão de sustentabilidade. Porque quando o governo insiste nessa lógica inversa, ele não só aumenta a carga, mas também mina a confiança de quem ainda acredita no país como lugar para crescer.
E num cenário assim, todo mundo perde, não só as grandes empresas. Perde quem busca trabalho formal com bons salários, perde o empreendedor que quer começar seu próprio negócio, perde a economia como um todo com menos investimento e com uma confiança minada.
É preciso repensar!