Virada histórica reflete movimento estrutural, com maior variedade e acesso a opções de investimento que
conectam diretamente empresas e investidores, como debêntures CRIs, CRAs e FIDCs

Pela primeira vez, as empresas brasileiras estão se financiando diretamente mais com os investidores do que com os bancos. Em junho deste ano, o estoque de títulos privados – como debêntures, CRI, CRA e FIDC – ultrapassou o volume de empréstimos bancários, segundo dados do Banco Central compilados pela Rio Bravo Investimentos.
A diferença é pequena, mas simbólica. Naquele mês, os títulos privados somavam R$ 2,205 trilhões, ou 16,7% do PIB, enquanto os empréstimos bancários chegaram a R$ 2,197 trilhões, o equivalente a 16,6% do PIB.
Trata-se de uma mudança estrutural, reflexo de um movimento mais amplo de desintermediação bancária, quando empresas e investidores conseguem se conectar diretamente, sem passar pelo crédito tradicional das instituições financeiras. “Essa ultrapassagem só foi possível porque a desintermediação já vinha acontecendo no mundo dos investimentos. Agora, ela chegou também ao crédito”, afirma Evandro Buccini, sócio e diretor da Rio Bravo.
A velocidade do avanço chama a atenção. Em junho de 2015, os empréstimos bancários correspondiam a 23,6% do PIB, ante apenas 5,3% dos títulos privados – R$ 1,255 trilhão versus R$ 282 bilhões, respectivamente.
A mudança de perfil do investidor também ajudou a pavimentar o caminho. “Vinte anos atrás, o brasileiro tinha basicamente poupança e um pouco de título público. Hoje, com mais tecnologia e opções, o leque de alternativas cresceu muito”, diz Buccini. E a virada é recente. Em junho de 2020, o estoque de empréstimos ainda era quase o dobro do volume de títulos privados. De lá para cá, a taxa Selic elevada – hoje em 15% – favoreceu
a busca por títulos de renda fixa, pavimentando o caminho para o boom do crédito privado. Essa demanda se refletiu também na oferta. Em seis anos, o número de gestoras especializadas em fundos de crédito privado quase triplicou, superando até as casas voltadas para ações, imóveis, multiestratégia e renda fixa tradicional.
“Com a Selic a 15%, muito dinheiro migra para fundos em busca de títulos de renda fixa”, ressalta Buccini. Ele faz a ressalva, contudo, que uma parte dos títulos privados ainda é encarteirada pelas tesourarias dos bancos.

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