Ata da última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) destaca que mercado de capitais ganha cada vez mais representatividade como fonte de financiamento, principalmente para grandes empresas

A ata da última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central (BC) destacou o crescimento do crédito obtido via mercado de capitais que “não apresenta sinais de inflexão, a despeito das alterações nas condições financeiras”. O documento foi publicado nesta quarta-feira.
O Comef apontou que o mercado de capitais está ganhando “cada vez mais representatividade” como fonte de financiamento, principalmente para grandes empresas. O comitê destacou que o mercado de capitais segue crescendo em ritmo superior ao do crédito bancário.
“As emissões de debêntures e Cédulas de Produto Rural (CPRs) e o patrimônio dos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) seguem em forte crescimento. As emissões de debêntures vêm ocorrendo com spreads historicamente baixos e prazos mais longos”, diz a ata.
Crédito bancário
O Comef avaliou que o crédito bancário manteve o ritmo de crescimento no quarto trimestre de 2024. Na ata, o Comitê destacou que, no caso do crédito para as pessoas físicas, o ritmo do crescimento de crédito foi maior para as modalidades de maior risco do que as de menor risco. Segundo o colegiado, isso não acontecia desde o primeiro trimestre de 2023.
Já no caso das pessoas jurídicas, o Comef pontuou que houve aceleração do crescimento tanto para as grandes como para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). “Prospectivamente, porém, a Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito indica deterioração nas condições de oferta de crédito e menor tolerância ao risco por parte das instituições financeiras”, diz a ata.
Segundo o documento, o “forte crescimento” do crédito amplo aconteceu em um ambiente de elevação da taxa básica de juros e alto endividamento das famílias e empresas. A Selic está atualmente em 13,25% ao ano. “O ritmo de crescimento do crédito bancário seguiu acelerando na carteira às MPMEs, que já apresenta materialização de risco e endividamento elevados. Quanto às famílias, além da aceleração do crédito nas modalidades de maior risco, houve leve piora na qualidade das concessões do crédito não consignado”, destacou.
O Comef ainda apontou que as famílias estão com comprometimento de renda e endividamento elevados “e em ascensão para todas as faixas de renda” e que o mercado de capitais “segue crescendo em ritmo superior ao do crédito bancário”. Para o comitê, “esse cenário requer cautela e diligência adicionais no mercado de crédito”.
Testes de estresse
O Comef destacou, na ata da última reunião, que os testes de estresse realizados apontam que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) segue resiliente, “embora com necessidade de maior capitalização de algumas instituições financeiras, em comparação com exercícios anteriores”.
Segundo a ata, o sistema conseguiria absorver impactos. No entanto, no cenário simulado nos testes de uma crise “decorrente de quebra de confiança no regime fiscal, parte relevante das instituições apresentaria restrições para distribuir lucros”, diz a ata.
O Comef explica que os cenários de estresse macroeconômicos utilizados nos testes “partiram” de condições financeiras mais restritivas em comparação com os anteriores.
Em referência às mudanças nas regras contábeis alinhada com os padrões internacionais do IFRS 9, o Comef avaliou que os testes continuam indicando que o SFN está apto a absorver os impactos no capital. O colegiado apontou que as provisões se mantiveram em níveis adequados e acima das estimativas de perdas.
A ata destacou que a materialização de perdas no crédito às famílias continuou em queda, com exceção do crédito rural. Já para micro e pequenas empresas, também houve recuo na materialização em função do crescimento da carteira. Entre as médias e grandes empresas, os ativos problemáticos “mantiveram-se relativamente estáveis” no último trimestre do ano passado.
Além disso, os níveis de capitalização e liquidez do SFN continuam superiores aos requerimentos prudenciais. “O sistema tem mantido capital e ativos líquidos suficientes para absorver potenciais perdas em cenários estressados e cumprir a regulamentação vigente”, diz a ata.
O Comef também destacou que está atento à dinâmica das cadernetas de poupança e dos demais instrumentos de captação para o crédito imobiliário. “A rentabilidade do SFN segue melhorando gradualmente, influenciada pelo crescimento do resultado com operações de crédito e pela estabilidade no reconhecimento de provisões.”

Tudo Sobre FIDCS
A plataforma com as principais notícias do mercado! No Tudo Sobre FIDCs, você encontra tudo o que precisa saber sobre o universo dos FIDCs: notícias diárias, relatórios de mercado e estratégias para se manter sempre à frente.
Acompanhe e esteja bem informado sobre o mercado de capitais.