Por um executivo que aprendeu no dia a dia que número só faz sentido quando está no contexto certo
Em um mercado em constante evolução, onde o crédito estruturado ganha protagonismo como alternativa estratégica para empresas e como ativo sofisticado para investidores, entender os indicadores-chave de performance (KPIs) de um FIDC é um requisito para quem quer fazer bons negócios.
FIDC não é tudo igual, e é exatamente isso que você, seja empresário ou investidor, deve entender ao ler esse texto. Em janeiro de 2025 foram registrados mais de 3 mil fundos dessa categoria no país. Num universo onde há muitos fundos, mas poucas estruturas verdadeiramente robustas, saber separar o joio do trigo é fundamental, e para isso você deve olhar para algumas métricas.
Mais do que olhar para números isolados, os dados dão um panorama e um contexto que contam a verdadeira história de um fundo. O desafio está em saber quais métricas realmente importam e como interpretar cada uma delas, então vamos lá.
Patrimônio Líquido
O primeiro dado que salta aos olhos em qualquer ranking é o patrimônio líquido. Ele indica o tamanho da operação, a confiança do mercado e a capacidade de escalar. No entanto, sozinho, pode esconder riscos mal precificados, excesso de concentração ou crescimento acelerado sem a devida disciplina de crédito.
Grandes PLs chamam atenção, mas são os fundamentos que sustentam essa grandeza que revelam a consistência e solidez de um FIDC.
Taxa de Inadimplência e histórico de pagamentos
A análise do histórico de inadimplência das empresas na carteira e o comportamento de pagamento dos devedores são fundamentais. FIDCs que investem em empresas com histórico de inadimplência elevado podem estar sujeitos a maiores riscos. Monitorar a evolução da inadimplência na carteira do FIDC e seu impacto no fluxo de caixa é importante para evitar perdas significativas.
A pergunta não é se há inadimplência, mas como o fundo reage a ela.
Diversificação da carteira
Os FIDCs Multicedentes/Multissacados, por definição, carregam maior resiliência. Mas nem todo “multi” é, de fato, diversificado. O KPI relevante aqui é o índice de concentração: quantos cedentes/sacados representam mais de 10% do patrimônio? Qual o setor predominante? A diversificação geográfica é relevante?
A diversificação é uma das estratégias mais eficazes para mitigar riscos. A carteira do FIDC deve ser composta por diferentes tipos de ativos, setores e regiões. A diversificação reduz a probabilidade de que o desempenho de uma única empresa ou setor impacte negativamente o rendimento total do fundo.
Qualidade da originação e seleção de Ativos
FIDCs que estruturam e selecionam suas carteiras com um rigor maior garantem um nível de risco controlado. A Multiplike se destaca nesse aspecto, com uma abordagem conservadora na originação de crédito, reduzindo a exposição a empresas vulneráveis ao aperto monetário.
Perfil das empresas dentro da carteira
Empresas com balanços robustos, baixo endividamento e geração de caixa sólida são menos suscetíveis a inadimplência em períodos de juros altos. A composição da carteira de um FIDC deve priorizar esses perfis para manter a estabilidade dos rendimentos
Custo médio da carteira vs. custo de captação
Um fundo saudável precisa gerar valor. O KPI essencial aqui é o spread líquido, ou seja, o retorno médio da carteira menos os custos totais do fundo (incluindo captação, administração, taxas e inadimplência). É esse valor que define a rentabilidade do cotista e a perenidade do fundo.
Geração de recebíveis e estrutura das operações
Um fundo que mantém cadência alta na geração de novas operações demonstra musculatura comercial e relacionamento com o mercado. Mas é preciso cuidado: crescimento muito acelerado pode estar atrelado a afrouxamento de critérios de crédito.
A exposição ao risco pode ser reduzida por meio de operações estruturadas com garantias bem definidas, prazos ajustados ao momento econômico e mecanismos que protejam as cotas seniores.
Conclusão
Para empresas que buscam financiamento, esses indicadores ajudam a escolher parceiros sólidos. Para investidores, funcionam como mapa de risco e retorno. E para quem opera o dia a dia da estrutura, os KPIs são o painel de controle.
Analisar um FIDC exige mais que olhar para números expressivos de crescimento. Requer saber interpretar as informações e avaliar todo o contexto. Um fundo sólido, que mantém crescimento constante, com baixa taxa de inadimplência e excelente práticas de governança tem maior porte e confiabilidade para realizar bons negócios com tomadores de crédito e investidores. Avalie os pontos mencionados e separe fundos oportunistas de estratégias bem construídas.
Autor: Volnei Eyng
Fundador e CEO da Multiplike, uma gestora de recursos com 25 anos de história e mais de 50 bilhões de crédito cedido. Sócio benemérito da ABRAFESC;

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