Renda fixa não é só área de escape. No entendimento comum do mercado, a renda fixa é vista principalmente como uma estratégia de proteção patrimonial, uma “área de escape” quando a busca é pela segurança, porém acaba sendo assimilada a baixos retornos financeiros. Porém, essa visão é incompleta.
Historicamente, no Brasil, os juros elevados têm sido uma constante, e não apenas uma situação momentânea. Considerando também que temos um mercado de crédito em expansão, esse cenário tem feito da renda fixa uma alternativa importante, não só para proteger o patrimônio, mas também para oferecer rentabilidades atrativas.
Atratividade dos FIDCs
No segmento dos FIDCs multicedente e multissacado, a rentabilidade nos últimos 12 meses (abril 24 – abril 25) atingiu 14,66%. No mesmo período, o IBOV rentabilizou 7,26%, dados do IMRF (Índice Multiplike de Rentabilidade dos FIDCs).
É um resultado que demonstra a evolução dessa classe de ativos, se distanciando cada vez mais da visão de que renda fixa é sinônimo de baixo retorno. Estamos falando de uma indústria que cresce ano após ano, atrai cada vez mais investidores e ganha impulso com avanços regulatórios, como a nova CVM 175.
Investir em renda fixa hoje não significa abrir mão de rentabilidade. Ao contrário, é uma estratégia de diversificação inteligente, com ativos mais previsíveis e, muitas vezes, com uma relação risco-retorno muito mais vantajosa.
Riscos de investir em FIDCs
De forma geral, os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) — especialmente os da classe multicedente/multissacado — são instrumentos bastante seguros, justamente por conta da pulverização do risco. Em cenários de juros altos, esses fundos chamam a atenção dos investidores por dois motivos: o prêmio mais atrativo e o impacto que o juro elevado pode ter na inadimplência dos ativos, que são, na prática, dívidas a vencer.
Mas vamos falar de alguns tópicos que o investidor deve avaliar para aplicar os recursos com maior segurança.
Com a Selic em patamares elevados, o custo do crédito também sobe, impactando diretamente empresas que dependem de financiamento. Isso aumenta o risco de inadimplência um desafio que exige ainda mais expertise, atenção e cautela de quem investe em ativos de crédito privado.
Esse cenário pode afetar os fluxos de pagamento e prejudicar investidores que não fizeram uma análise profunda da composição do fundo. Ao avaliar um FIDC, é fundamental ir além do prospecto e se informar sobre:
– Qualidade da originação e seleção dos ativos: FIDCs que estruturam e selecionam sua carteira com um maior rigor garantem um nível de risco mais controlado;
– Perfil das empresas na carteira: avalie se a carteira é composta por empresas com balanços robustos, baixo endividamento e geração de caixa sólida;
– Taxa de inadimplência e histórico de pagamentos: analise o histórico de inadimplência das empresas na carteira e o comportamento de pagamento dos devedores;
– Prazo e estrutura das operações: a exposição ao risco pode ser reduzida por meio de operações estruturadas com garantias bem definidas e prazos ajustados ao momento econômico;
– Diversificação setorial e geográfica da carteira: verifique se a carteira é composta por diferentes tipos de ativos, setores e regiões mitigando riscos de exposição única;
– Gestão ativa e monitoramento constante: verifique se o FIDC acompanha de perto a carteira para responder rapidamente a qualquer menor sinal de inadimplência;
– Governança e transparência: FIDCs com práticas de governança robustas, transparência e relatórios regulares tendem a ser mais confiáveis e têm menor risco de manipulação ou falhas operacionais.
O momento de juros elevados exige muita expertise, atenção e cautela para quem opera no crédito privado. Os FIDCs com uma boa gestão, que se preocupam com a qualidade do crédito, não apenas atravessam esse período com solidez, mas também oferecem oportunidades de retorno atrativas para investidores que sabem avaliar onde alocar seus recursos.
Invista com consciência, entenda os riscos por trás da taxa e proteja seu patrimônio.
Autor: Peterson Rizzo
Gerente de Relacionamento com Investidores Multiplike Gestora de Recursos MM

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