Num ambiente macroeconômico marcado por juros ainda elevados, acirrada competição por capital e crescente seletividade do crédito bancário, a sofisticação na gestão da estrutura de capital deixou de ser uma virtude para se tornar uma necessidade. Nesse contexto, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) surgem como uma alternativa estratégica de financiamento empresarial, não apenas pela liquidez que proporcionam, mas, sobretudo, por sua neutralidade no balanço contábil.
Ao optar por estruturar crédito via FIDC, a empresa acessa capital por meio da cessão de direitos creditórios a um fundo estruturado. Diferentemente das linhas bancárias tradicionais, essa operação não se configura como dívida financeira registrada nos passivos junto ao sistema bancário. Em termos práticos, isso significa que o crédito obtido não impacta os índices de endividamento com instituições financeiras, fator especialmente relevante em análises de rating, negociações com credores e avaliações de risco corporativo.
Em vez de pressionar a relação dívida líquida/EBITDA ou comprometer excessivamente o capital de terceiros, a empresa preserva sua margem de manobra financeira. Mais do que isso: mantém abertas as portas do sistema bancário para futuras captações, inclusive em situações emergenciais. Ou seja, ao recorrer ao FIDC, a empresa adota uma fonte de funding que preserva sua capacidade de endividamento tradicional, algo vital em ciclos de baixa liquidez ou em momentos de estresse econômico.
Não se trata apenas de uma questão técnica ou contábil. O impacto é econômico e estratégico. Empresas que conseguem diversificar suas fontes de crédito sem deteriorar seus indicadores contábeis se posicionam de forma mais favorável para crescer, investir e reagir rapidamente a mudanças de cenário.
Outro ponto relevante é que os FIDCs são especialmente eficazes para grandes empresas. O crédito via FIDC tende a ter um preço mais competitivo, mais flexível e, muitas vezes, mais ágil do que as alternativas bancárias. Em um país onde a intermediação financeira ainda apresenta custos elevados, seguir a nota rota de crédito que é a desbancarização com os FIDCs é um movimento de inteligência financeira.
Por fim, é preciso reconhecer que a utilização adequada de veículos estruturados como os FIDCs sinaliza ao mercado, e aos stakeholders, maturidade na governança financeira. Em tempos em que a credibilidade pesa tanto quanto o lucro no valuation de uma companhia, isso faz toda a diferença.
Empresas que compreendem essa dinâmica saem na frente. Afinal, tão importante quanto ter acesso ao crédito é saber acessá-lo da maneira certa, no momento certo e com os parceiros certos.
Autor: Volnei Eyng
Fundador e CEO da Multiplike, uma gestora de recursos com 25 anos de história e mais de 50 bilhões de crédito cedido. Sócio benemérito da ABRAFESC;

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