Receita de banco de investimentos cai 13,5%

Comissões somaram R$ 1,8 bilhão no primeiro semestre, segundo a Dealogic As receitas dos bancos de investimentos voltaram a cair no primeiro semestre, quando as operações de renda variável continuaram fracas e as emissões de renda fixa arrefeceram após o recorde de captações visto em 2024. As comissões atingiram R$ 1,8 bilhão (US$ 333 milhões),…

Comissões somaram R$ 1,8 bilhão no primeiro semestre, segundo a Dealogic

As receitas dos bancos de investimentos voltaram a cair no primeiro semestre, quando as operações de renda variável continuaram fracas e as emissões de renda fixa arrefeceram após o recorde de captações visto em 2024. As comissões atingiram R$ 1,8 bilhão (US$ 333 milhões), uma queda de 13,5% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados da consultoria Dealogic coletados a pedido do Valor.

Os dados consideram operações típicas de banco de investimento – emissões de renda variável, renda fixa e fusões e aquisições (M&A). Trata-se do quarto período consecutivo de queda das receitas, em meio a um cenário de juros altos e volatilidade global.

As operações de renda fixa, que ajudaram a amortecer a queda das receitas no ano passado, perderam ímpeto em 2025. Muitas empresas anteciparam suas captações em 2024 para aproveitar a demanda e garantir taxas atrativas. Nos primeiros seis meses do ano as emissões de dívida somaram R$ 295,9 bilhões, o que representa queda de 22%, segundo a Dealogic.

A percepção dos banqueiros de investimentos consultados pelo Valor, contudo, é de melhora daqui para a frente. Apesar da leitura de que o tema eleições presidenciais já começa a entrar na mesa dos agentes de mercado, existe o consenso de que o país vai atrair mais capital de investidores estrangeiros que estão buscando diversificação global diante da nova dinâmica geopolítica. Porém, ainda não estão computados eventuais impactos da tarifação dos produtos brasileiros em 50%, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Na renda variável, o mercado local está perto do quarto aniversário sem um debute na bolsa e, ao mesmo tempo, este tem sido mais um ano fraco também para as ofertas subsequentes de ações (“follow-ons”). Os juros elevados têm afastado emissores e investidores. A melhora em relação ao ano anterior veio da venda de ações por meio de leilões em bolsa, os chamados “block trades”.

“A queda dos juros naturalmente vai beneficiar a atividade de banco de investimento”

O volume de operações de renda variável somou, de janeiro a junho, R$ 17 bilhões (US$ 3,2 bilhões), com aumento de 37% em relação ao visto no mesmo período do ano passado. Do total, R$ 9 bilhões correspondem à negociação de um bloco de ações da Vale . O número não computa a oferta da Fras-le, realizada em julho, que somou R$ 400 milhões.

Os “block trades” são as operações em que os bancos dão ao acionista vendedor uma oferta firme no preço. Os blocos são considerados substitutos das oferta subsequente e costumam ser usados quando a transação é apenas secundária – ou seja, não há captação de dinheiro para o caixa da empresa. Além disso, por ser mais rápidos que uma oferta, têm mais chance de driblar a volatilidade.

Apesar da alta no volume de operações, o baque no mercado de renda variável é perceptível ao se olhar para as ofertas de ações. Nesse caso, houve recuo de 36% na base anual – período que já havia sido o mais fraco dos últimos anos -, somando R$ 3,6 bilhões.

A única oferta que foi integralmente ao mercado no semestre foi a da Caixa Seguridade, que movimentou R$ 1,2 bilhão e foi realizada para recompor a liquidez das ações e adequá-la às regras do Novo Mercado, segmento em que a seguradora está as Azul, de R$ 1,6 bilhão, foi quase integralmente para conversão de dívida em ações em meio à reestruturação da companhia aérea.

Mais resiliente, o segmento de fusões e aquisições (M&A) registrou leve melhora nos volumes negociados. Isso se deve às grandes transações registradas, pois quando se olha para a quantidade de operações houve queda. Os núncios na primeira metade do ano somaram (US$ 28,7 bilhões), ante (US$ 24,4 bilhões) em igual intervalo de 2024, segundo a Dealogic.

O chefe do banco de investimento do Itaú BBA, Cristiano Guimarães, vê condições de melhora do ambiente para a atividade do mercado ao longo dos próximos 12 meses, principalmente com o início da queda dos juros. “Se calcularmos o efeito multiplicador da queda de juros, a taxa de desconto das empresas cairá e o lucro subirá, isso apenas pelo menor serviço da dívida”, diz.

André Moor, responsável pelo banco de investimento do Bradesco BBI, diz que a reciclagem global de carteiras tem sustentado o ambiente para transações de M&A. Para o executivo, mesmo com o recente anúncio de Trump e a volatilidade decorrente dele, isso deve se manter e o Brasil deve continuar se beneficiando do fluxo de capital para emergentes. Na visão do executivo, a atividade será mais aquecida no segundo semestre, com a percepção de a Selic, em 15% ao ano, está no pico. “A queda dos juros naturalmente vai beneficiar a atividade de banco de investimento”, diz.

Alessandro Farkuh, responsável pela área de M&A do BTG, Pactual, diz que desde o ano passado a indústria vem apresentando melhora, com operações mais relevantes e maior participação de estrangeiros. “Essa tem sido uma mudança de perfil importante. O Brasil em relação a outros emergentes está bem posicionado e o mercado local tem um potencial ‘upside’ [valorização] difícil de ignorar.”

O mesmo movimento começa ser identificado em renda variável, afirma o chefe da área do BTG, Fabio Nazari. “Tem fluxo de estrangeiro entrando e começa a aparecer o ‘long only’ [estratégias que apostam na valorização do ativo] no book das operações”, diz o executivo, que acredita em um segundo semestre com um ritmo de atividade mais aquecido. Ele afirma que as empresas listadas em bolsa, no geral, estão indo bem e que as operações vão destravar à medida que as ações se valorizarem e os múltiplos melhorarem.

Responsável pela área de M&A do Santander Brasil, Thiago Rocha afirma que no banco o “pipeline” (carteira) de operações tem crescido nas últimas semanas e alguns anúncios devem ocorrer ao longo do segundo semestre. Segundo ele, a expectativa é que outras operados de grande porte sejam anunciadas e que a participação de estrangeiros se mantenha.

Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/07/22/receita-de-banco-de-investimentos-cai-135.ghtml

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