A regulamentação definitiva sobre como esse mecanismo poderá ser usado ainda será publicada pela CVM
A decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que autoriza fundos imobiliários (FIIs) e os fundos das cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros) realizarem a recompra de suas próprias cotas negociadas na Bolsa foi tema de debate no Liga de FIIs, programa do InfoMoney que vai ao ar nesta quarta-feira (04/06), às 18h. Para os especialistas, a medida representa um avanço regulatório importante, mas sua aplicação prática deve ser restrita a casos pontuais.
Danilo Bastos, analista e sócio da Ticker Research, avaliou a decisão como positiva. Ele comparou o mecanismo à recompra de ações por empresas listadas e afirmou que “se o fundo tiver caixa e as cotas estiverem descontadas, pode fazer sentido a recomprar. Isso aumenta o patrimônio por cota e gera valor ao cotista”. Para Bastos, trata-se de uma ferramenta adicional que dependerá da capacidade dos gestores em usá-la.
Marcos Baroni, head de fundos imobiliários da Suno Research, vê a mudança como um avanço na institucionalização do setor, mas pondera que poucos fundos terão espaço para utilizar a medida de forma efetiva. “fundos imobiliários, em geral, não carregam muito caixa. E esse caixa muitas vezes já está comprometido com reformas e novos investimentos.”
A regulamentação definitiva sobre como esse mecanismo poderá ser usado ainda será publicada pela CVM, com prazo de até 30 dias após a aprovação da medida. Essa regulação definirá os critérios e limites para as recompras, o que será fundamental para avaliar o potencial real da nova regra.
Risco de espiral entre recompra e emissão
Outro ponto levantado no debate foi o risco de uma espiral de recompras e novas emissões, com impacto no bolso do cotista.
Marx Gonçalves, head de fundos listados da XP, lembra que os FIIs são obrigados a distribuir 95% do resultado semestral, o que limita o crescimento orgânico. “Eles crescem via emissão, que tem custo. Se o fundo recompra hoje e emite depois, o cotista pode acabar pagando caro duas vezes”, alerta.
Apesar das limitações práticas, os analistas concordam que a autorização da recompra é mais um passo no amadurecimento do mercado. “É uma sofisticação que se soma ao processo natural de crescimento dos FIIs”, comentou Baroni, que vê essa e outras mudanças como parte da construção de um ambiente mais próximo ao padrão internacional.
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