O tesouro e o dragão: o mercado de crédito em 2025

Se vemos sinais de um ‘dragão’ em 2025, fica a pergunta: qual o ‘tesouro’ associado a ele? Devemos procurá-lo, pois ambos andam juntos Passei o último réveillon na areia da praia de Ipanema e, ao escutar os fogos que rompiam, senti uma mistura de alegria e preocupação. Alegria pelas conquistas realizadas e lições aprendidas em…

Se vemos sinais de um ‘dragão’ em 2025, fica a pergunta: qual o ‘tesouro’ associado a ele? Devemos procurá-lo, pois ambos andam juntos

Passei o último réveillon na areia da praia de Ipanema e, ao escutar os fogos que rompiam, senti uma mistura de alegria e preocupação. Alegria pelas conquistas realizadas e lições aprendidas em 2024. Preocupação com as perspectivas para o ano de 2025, que mal nascia e já se mostrava ameaçador.

Ao observarmos a curva de juros local, a taxa de câmbio ou o Ibovespa, fica evidente a deterioração de percepção de risco ocorrida ao longo de 2024. Além disso, em dezembro, a escalada do sentimento negativo se acentuou muito. Tal movimento acabou contaminando o mercado de crédito, que, até então, vinha passando incólume por outros percalços que se apresentaram ao longo do ano.

Assim, o ano nascente parecia uma aventura desafiadora e me lembrei do livro “O Hobbit”, de J.R.R. Tolkien. Nessa história, o protagonista enfrenta um dragão que guarda um tesouro inestimável e sai vitorioso. Na minha experiência profissional, percebi que todo tesouro é guardado por um dragão que precisa ser vencido. Assim, se vemos sinais de um dragão em 2025, fica a pergunta: qual o tesouro associado? Devemos procurá-lo, pois ambos andam juntos.

Para tanto, devemos nos aprofundar na análise das causas que levaram à deterioração na percepção de risco. O resultado desse exercício, juntamente com a visão da situação atual do mercado de crédito, pode fornecer algumas indicações das oportunidades que devemos buscar em 2025.

A principal causa da alteração na percepção de risco foi uma maior preocupação sobre o balanço entre gastos e receitas no Brasil. Há uma grande vontade, por parte de todo governo, de aumentar gastos em segmentos sabidamente carentes. Ninguém pode negar que há, de fato, muitas áreas carentes no país, de forma que toda iniciativa de controle de gastos governamentais é uma batalha difícil. Por outro lado, comparando a carga tributária do Brasil com a de outros países, percebemos que não há espaço para aumento dela. Estamos diante de um problema de alta complexidade.

Logo, acreditamos que a reprecificação observada no fim de 2024 veio para ficar. Veremos juros e inflação num patamar mais elevado e por um tempo mais prolongado que gostaríamos. O dragão já mostrou as suas garras e o preço dos ativos já reflete, ao menos parcialmente, a sua presença.

A boa notícia é que, de forma geral, o mercado de crédito está bem preparado. Os grandes bancos são sólidos e se tornam polos de atração de recursos nos momentos de maior turbulência. Os fundos de crédito captaram muitos recursos em 2024, estão líquidos e o desempenho dos últimos 12 meses é atrativo. O volume de novas emissões deve ser menor em 2025. Títulos emitidos por empresas alavancadas ou cíclicas já estão negociados num patamar de “spread” acima da média. E os fundos de renda fixa deverão continuar a atrair investidores tendo em vista sua baixa volatilidade e por estarem atrelados ao CDI.

Tendo em vista (i) que o aumento da percepção de risco já ocorreu e (ii) que a indústria de crédito está bem posicionada, acreditamos que há, de fato, alguns tesouros que podem ser explorados ao longo do ano.

  • Tesouro 1: fundos isentos de infraestrutura. Projetos de infraestrutura têm receita estável e ajustada pela inflação. Como o benefício da isenção fiscal é proporcional ao retorno nominal do investimento, a atratividade no momento é muito elevada. Risco: os títulos de infraestrutura possuem prazo longo e alta volatilidade. Isso pode ser mitigado através de estruturas de “hedge”.
  • Tesouro 2: fundos de previdência e renda fixa conservadores. Investir em títulos de emissores de primeira linha é uma boa estratégia em momentos conturbados. Risco: embora não seja nosso cenário base, pode haver nova reprecificação de ativos e a indústria pode mostrar rendimento abaixo do CDI por algum período.
  • Tesouro 3: fundos de crédito estruturados. Créditos estruturados combinam retorno atrativo com garantias relevantes. Boas oportunidades devem surgir ao longo do ano. Risco: é importante avaliar as estruturas e selecionar os ativos a fim de montar uma boa carteira. Adicionalmente, esse tipo de ativo tem menor liquidez.
  • Tesouro 4: fundos de “special situations”. Empresas que se alavancaram contando com uma economia pujante poderão passar por problemas, que se tornam oportunidades para fundos especializados em analisar ativos estressados. Tais oportunidades devem aumentar ao longo dos próximos anos. Risco: essa estratégia tem um risco naturalmente maior. É fundamental uma equipe de especialistas experiente para participar das oportunidades nesse segmento. Acreditamos que essa é uma boa alternativa para investidores com maior apetite a risco.

Fonte: https://valor.globo.com/financas/coluna/o-tesouro-e-o-dragao-o-mercado-de-credito-em-2025.ghtml

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