Crédito mercantil perde peso, mas previsão é de alta

Estudo mostra que a modalidade somou 38,7% dos empréstimos a empresas em 2023, queda de 0,5 ponto percentual Levantamento feito pela Serasa com mais de 60 mil empresas mostra que o crédito mercantil – ou seja, não bancário – perdeu participação no estoque total em 2023. A expectativa, no entanto, é que tenha havido um…

Estudo mostra que a modalidade somou 38,7% dos empréstimos a empresas em 2023, queda de 0,5 ponto percentual

Levantamento feito pela Serasa com mais de 60 mil empresas mostra que o crédito mercantil – ou seja, não bancário – perdeu participação no estoque total em 2023. A expectativa, no entanto, é que tenha havido um aumento no ano passado e, principalmente, que haja um avanço neste ano, na esteira da elevação da Selic e da consequente adoção de uma postura mais restritiva das instituições financeiras nas concessões.

Os dados mostram que o crédito mercantil representou, em 2023, 38,7% do total de crédito à pessoa jurídica, uma queda anual de 0,5 ponto percentual. De acordo com o levantamento da Serasa, naquele ano, essa modalidade totalizou R$ 1,4 trilhão, enquanto o saldo do crédito bancário, que é divulgado pelo Banco Central (BC), somou R$ 2,27 trilhões. Nos anos de 2017 e 2018, essa participação superou 40%.

O levantamento considera o chamado crédito não oneroso presente nos demonstrativos financeiros de empresas dos setores primário, industrial, comercial e de serviços. O crédito mercantil abarca os recursos obtidos pelas empresas com instituições não bancárias, por exemplo junto a fornecedores, via recebíveis.

“Pode parecer que os dados estão atrasados por serem de 2023, mas não estão, é porque olhamos um universo muito grande de empresas, que demoram um tempo para divulgar suas informações financeiras do ano fechado”, explica a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack.

A queda anual da participação do crédito mercantil, afirma a economista, é explicada pela evolução da taxa básica de juros. Quando há redução da Selic e, assim, do custo bancário, há também queda na demanda por formas alternativas de crédito. O contrário também é verdadeiro.

Em 2023, a Selic caiu 2 pontos percentuais, passando de 13,75% ao ano para 11,75%. Já no ano passado, o movimento foi misto, com queda nos primeiro meses e aumento no segundo semestre. Para 2025, com a perspectiva de aumento da taxa, atualmente em 13,25% ao ano, é prevista uma desaceleração do crédito bancário e avanço do mercantil.

“A existência dessas alternativas de crédito é importante porque mais de 90% das empresas do país são de micro e pequeno porte e são as mais afetadas pelo ambiente restritivo de taxa de juros”, afirma Abdelmalack. “O crédito mercantil é, em geral, oferecido na cadeia de produção, e é importante para garantir que não haja, por exemplo, a interrupção do fornecimento de determinados insumos.”

O crédito mercantil pode se dar de diferentes formas. Diretor executivo de Novos Negócios da Serasa Experian, Fabrini Fontes afirma que, no atacado, por exemplo, as empresas podem utilizar seus recebíveis futuros como garantia de operações. O segmento industrial também pode se beneficiar realizando operações como de antecipação aos fornecedores. De acordo com o levantamento, em 2023, o comércio continuou sendo o setor com maior participação de crédito mercantil no saldo total, com 54,1%. Na indústria, o percentual foi de 41,1%; nos serviços, de 22%; e no setor primário, de 26%.

A implementação da duplicata escritural, ao longo dos próximos anos, tem potencial para alterar a dinâmica de crédito às empresas no país e dar mais segurança à oferta principalmente a micro, pequenas e médias empresas. Para o diretor da Serasa, o instrumento – que dará lugar a versão mercantil desse título – pode estimular o crédito mercantil. Fernando Fontes, CEO da Cerc, no entanto, acredita que o projeto deve aumentar principalmente o apetite de bancos e demais instituições financiadoras por essas operações e, assim, reduzir a necessidade de formas alternativas de crédito.

“Com a duplicata escritural, acho que o crédito mercantil na cadeia produtiva tende a ter uma redução de participação no saldo total”, diz Fontes. “Em um ciclo de juros mais altos, acho que esse é o remédio mais ‘pronto’ para ser usado”, acrescenta.

O BC aprovou em dezembro a convenção da duplicata escritural e, agora, as registradoras interessadas em operar nesse mercado, como a Cerc, devem construir os manuais técnicos que detalharão o funcionamento das operações. Depois, ainda haverá fases de autorização e testes, até que o novo mecanismo comece a valer, de fato, para empresas de diferentes portes.

Fontes afirma que o aumento do crédito bancário e via mercado de capitais teria um efeito positivo sobre o balanço das empresas não financeiras, que não precisariam mais carregar o peso dessas operações. Para ele, isso também terá um efeito indireto na ponta, permitindo que essas companhias ampliem a oferta de prazo para pagamento aos seus clientes finais.

Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/02/10/credito-mercantil-perde-peso-mas-previsao-e-de-alta.ghtml

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